23 de octubre de 2014

O USO HISTÓRICO-CULTURAL DA IMAGEM: A FUNÇÃO PATRIMONIAL



O uso constante de imagens faz parte da cultura humana, as imagens fazem parte do cotidiano das civilizações. Isso pode ser verificado desde as pinturas rupestres, representações artísticas gravadas em abrigos ou cavernas feitas a milhares de anos, até a invenção da fotografia, em meados do século XIX, quando se começou a capturar as imagens. Nota-se, deste modo, que o ser humano possui traços inatos de produção visual de imagens. 

A sociedade incentiva o letramento por meio da alfabetização e o indivíduo é ensinado a ser textual sem, porém, deixar de ser visual. Essa dualidade pode ser percebida no cenário atual da sociedade, marcada pela intensa difusão de imagens fotográficas, cada vez mais difundidas pelas ferramentas tecnológicas de comunicação. O que gera o uso múltiplo e combinado de texto e imagem. 
A cultura continua. (cc) Natália Saraiva

Deste modo, é notável a importância do tratamento dos acervos fotográficos, seja pelo viés histórico ou funcional. Além disso, como bem ilustra Vigil (2012), deve-se buscar “la valoración de la fotografía como documento” atuando, desta maneira, na prática da chamada Documentação Iconográfica e, consequentemente, na construção geral do conhecimento.

O patrimônio cultural e histórico de uma sociedade é composto por diversos tipos de documentos e suportes. Itens fotográficos fazem parte desse patrimônio. A preocupação com os acervos fotográficos está relacionada a necessidade de equipes interdisciplinares que entendam dos diferentes aspectos desse suporte. Conhecimentos relacionados à técnicas de fotografia, história, contexto, dentre outros são necessários para adequado tratamento do patrimônio fotográfico.

A identificação de fotografias como sendo componentes de um patrimônio histórico e cultural depende de uma série de análise de conteúdo histórico, relevância e contexto. A criação de organizações para tratamento, disponibilização e preservação desse rico componente histórico social, de acordo com assuntos de interesse específicos para cada uma dessas instituições, poderia auxiliar na disseminação da relevante prática de preservação e disseminação dos acervos fotográficos relevantes.

Um documento fotográfico pode conter aspectos importantes para compreensão da sociedade. Ao fotografar uma cena cotidiana, pode-se não ter a intenção de contribuir para a formação de um acervo de imagens de uma cidade, por exemplo, mas ao abranger imagens de construções antigas, que por algum motivo não existem mais, essa fotografia pode compor um patrimônio histórico social.

Muito além da imagem retratada de forma clara e óbvia, um documento fotográfico pode conter elementos que sirvam como prova, como instrumento para restauração de construções antigas como calçadas e fachadas de prédios antigos. A imagem por sua rápida significação pode contar grandes histórias em pequenos pixels de imagem.

Como artefato histórico e social, o documento fotográfico necessita ser preservado e preservado. Mais que isso, esse tipo de documento necessita ser tratado para que possa ser facilmente recuperado. O acervamento de imagens, assim como demais acervos de diferentes suportes, precisa não apenas existir para serem guardados, mas principalmente para serem utilizados e disseminados.

É função primordial de um acervo fotográfico, fazer com que a sociedade conheça sua história. A criação de instituições para o tratamento de imagens deve estar focada na disseminação e na transformação social que a informação pode oferecer aos seus cidadãos.

No Brasil, o documento fotográfico pode favorecer ainda mais na preservação e na transmissão da história desse país. Entretanto, não há uma diretriz básica e comum para o tratamento desse patrimônio. Apesar da Fundação Nacional de Artes – FUNARTE tentar promover a preservação, conservação e disseminação de imagens relevantes para a nossa história enquanto Nação, não há uma instituição que de fato seja a responsável pela gestão das imagens fotográficas como porte do patrimônio nacional.

Verifica-se as informações contidas em documentos fotográficos brasileiros não podem ser localizadas em um único local, seja ele físico ou virtual. Se um pesquisador precisar de recorrer a uma foto para embasamento de pesquisa, terá que fazer uma espécie de garimpo. Diversas instituições, de públicas à privadas, precisarão ser consultadas. Sendo que em muitos casos, imagens históricas desse País só serão recuperadas em instituições privadas, mediante pagamento.

A falta de diretriz para a gestão de acervos fotográficos no Brasil cobra um alto preço em relação ao patrimônio histórico e cultural dessa Nação. Não possuir uma diretriz nacional para tratamento e guarda de imagens fotográficas gera incertezas, que por consequência provocam retrabalho e má gestão do patrimônio fotográfico nacional.

Deste modo, o estabelecimento de uma diretriz nacional para a gestão de documentos fotográficos no país contribuirá para o desenvolvimento social e cultural. Ao facilitar o trabalho dos envolvidos no processo de coleta, tratamento, guarda e disseminação desse tipo de material a diretriz para gestão de patrimônio de documentos fotográficos reduz gastos e gera economicidade na aplicação de recursos.

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